Sunday, March 17, 2013

ARION em Lisboa

O paquete português ARION regressou a Lisboa no dia 15 deste mês de Março depois de ter sido libertado dos arrestos que pendiam sobre esta antiga unidade da Classic International Cruises no porto montenegrino de Bar, no mar adriático.
O processo e as negociações com as autoridades locais foram conduzidas no  Montenegro pelo novo armador, Rui Alegre, com pleno êxito.
O navio saiu de Bar a 9 de Março pelas 12h00 e entrou no Tejo precisamente às 10H31 de 15, atracando no antigo cais da pedra, em Santa Apolónia, depois de ter sido recebido festivamente com bandeiras, apitos e jactos de água por dois rebocadores da companhia Svitzer, que escoltaram o ARION de Alcântara até Santa Apolónia.
Entretanto está em curso o resgate dos paquetes ATHENA e PRINCESS DANAE, que ainda estão presos em Marselha, mas já se encontram de novo guarnecidos por tripulações portuguesas. Estes navios deverão vir para Lisboa no decurso das próximas semanas. 
O resgate destes navios e do FUNCHAL que terão agora um futuro promissor em mãos portuguesas deve-se à acção de uma nova empresa constituída em Lisboa na sequência de acordo entre o banco Montepio Geral, principal credor das empresas ligadas à CIC e aos herdeiros de Goeorge Potamianos, e o empresário Rui Alegre, que neste processo vem sendo apoiado pelo oficial da marinha mercante Cte. António Caneco. Assim, foi constituída no dia 27 de Fevereiro deste ano a empresa PORTUSCALE CRUISES - Cruise Management Lda., que já tem escritório a funcionar no Chiado, em Lisboa, e inclusive já deu emprego a diversos colaboradores da CIC, que se encontravam desempregados desde Novembro quando foi fechado o escritório da Av. 24 de Julho.


A prioridade da nova empresa é retomar a actividade de cruzeiros internacionais o mais depressa possível, pondo a navegar os quatro navios após as indispensáveis reparações e alterações e a conclusão da reconstrução do FUNCHAL.
Os navios vão continuar com bandeira portuguesa e foram entretanto constituídas na Madeira a 11 de Janeiro último, quatro novas companhias para as quais está a ser transferida a propriedade dos paquetes: Islands Cruises, Coral Cruises, Pearl Cruises e South Coast Cruises.

As iniciativas associadas aos navios da ex-CIC e às novas empresas de Rui Alegre são uma notícia extremamente positiva no panorama da economia do mar em Portugal, de que tanto se fala ultimamente, mas de forma geralmente vazia e idiota, sem consequências práticas. Investir em navios e desenvolver a marinha mercante de passageiros, isso sim é falar de regresso ao mar. Parabéns aos envolvidos que tão bem estão a recuperar a herança de um grego amigo de Portugal - George Potamianos.





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7 comments:

Unknown said...

And what about Princess Daphne and Princess Danae?

Anonymous said...

A facilidade com que se fala de algumas coisas é estonteante!
O Montepio, passa as hipotecas de largos milhões sobre os navios, para as novas empresas, cujo capital social é apenas de €500 por empresa, e assim limpa a face. Num universo de 45 pessoas que trabalhavam nos escritórios em Lisboa, apenas 4 dessas mesmas estão a trabalhar na nova empresa, tendo as outras sido pura e simplesmente abandonadas à sua sorte sem terem recebido, ordenados em atraso, compensações, subsídios de férias e/ou natal.
A nova empresa está a tentar negociar todas as dívidas anteriores, para pagar apenas 30% dos valores em dívida, esperando claro continuar a trabalhar com os mesmos fornecedores.
A nova empresa aparentemente não pretende operar no futuro quaisquer cruzeiros à partida de Lisboa, e o público Português, que tanto ajudou a construir a CIC.
Como é que isto é possível, só mesmo em Portugal. Herança deixada pelo falecido George Potamianos? Acredito que já deve ter dado pelo menos 30 voltas no caixão...

WQEG said...

desculpe a minha ignorancia, mas o ms princess danae, o ms arion, ms athena e o ms funchal vao ficar na portugal cruises, sa, e entao e o ms princess daphene ?

Anonymous said...

É tudo muito bonito, mas os tripulantes continuam sem emprego, pois os navios voltam para Lisboa apenas com tripulação mínima e até mesmo esses à chegada são dispensados pois continua a não haver trabalho. E pergunta-se quando é que está previsto o tão anunciado regresso ao mar? Alguém sabe?

Anonymous said...

Isto foi apenas um esquema para se apoderarem da CIC, se a companhia não porque emprestaram tanto dinheiro? e depois tiram o tapete? assim é mais barato paga-se aos fornecedores a 30% e já está. ficou muita gente a arder. e os sindicatos? tanto barulho nos jornais afirmando que iam fazer arresto para pagar os salários. já se calaram? porquê? e o tal Alegre ? parece que a navegação é outra , nem todos somos parvos .

LUIS MIGUEL CORREIA said...

Muito interessantes e credíveis os comentários anónimos. Uma tragédia o desaparecimento da CIC. E entretanto houve estragos irremediáveis associados aos nichos de mercados tradicionais em que as empresas do falecido George Potamianos operavam, caso da Austrália, onde o ATHENA vai ser substituído já em 2013-14 pelo ASTOR sob operação da Cruise & Maritime, ou a França onde o PRINCESS DANAE gozava de grande popularidade. O grande teste está associado ao tempo, o tempo irá dar razão ou não aos mais criticos. Uma coisa é pegar nos navios, trazê-los para Lisboa, etc, outra é ser ARMADOR numa área muito competitiva que requer entre outras qualidades grande conhecimento dos mercados e experiência na área dos cruzeiros.
É claro que os milhões do Montepio só serão recuperáveis a médio prazo se entretanto a futura operação conseguir voltar a operar com os navios de forma a que o valor de cada um deles ajude a cobrir o passivo. A actual tendência do mercado de cruzeiros internacionais de concentração cada vez maior das empresas e grupos operadores e crescimento de tonelagem dos navios novos torna a vida cada vez mais difícil aos poucos operadores mais tradicionais e independentes, caso da empresa que agora vai gerir os quatro navios que acabaram por ficar ligados ao Montepio. Não deve ser boa a sensação de um banco ficar com quatro navios velhos ao colo. Para já pelo menos de tudo isto denota-se alguma sorte para os navios, cujo destino imediato mais provável teria sido a sucata. O FUNCHAL nos seus 52 anos de existência nunca tinha passado por um período tão difícil, por uma imobilização tão prolongada.
Vamos ver como decorrem os próximos meses, se os navios acabam por ser vendidos no mercado internacional à medida que os seus valores respectivos se consolidarem. O FUNCHAL, por exemplo, como está e onde está, para sucata valerá menos de 2 milhões de USD, quando, renovado e a operar poderá voltar a valer pelo menos dez vezes mais...
Vejo tudo isto com muita apreensão, para usar uma frase enfatisada por George Potamianos numa das últimas tardes que passámos juntos a falar de navios na sua sala da 24 de Julho com vista para a Rocha, meses antes de nos deixar...
Vejo com apreensão o desperdício de recursos humanos entretanto operado com o abandono à sua sorte do elemento humano, neste caso os tais 40 elementos sem emprego ou garantia de alguém vir a repor os seus direitos. Mas, como alguém me dizia há dias, o epilogo mais natural teria sido os navios terem entretanto acabado todos na sucata e pelo menos o facto de isso não se ter verificado é positivo. Mesmo apesar dos sacrifícios humanos e de tudo o resto. Mesmo apesar da apreensão deste observador que acompanhou o nascimento e evolução da empresa desde a origem de tudo com o primeiro afretamento do FUNCHAL na Suécia em 1976 passando depois pela sua compra em 1985 e pela radicação de GPP em Portugal, a compra de mais navios, os anos de sucesso, enfim, testemunhei tudo isto e muito mais. Impressionou-me por exemplo, no funeral do meu Amigo não ter visto praticamente ninguém, e muito menos nenhum dos tantos amigos da onça que todos os verões passavam pela 24 de Julho a pedir borlas para umas férias no mar. Que mundo cão este. Vejo tudo isto com enorme desgosto apesar de até agora ter sido poupado a ver o FUNCHAL sair do Tejo na ponta de um cabo de reboque a caminho das praias de Aliaga na Turquia, para onde foi há meses o COSTA ALLEGRA.

LUIS MIGUEL CORREIA said...

Entretanto, meus amigos, mesmo os que estão encalhados com o naufrágio da CIC, o que lá vai, lá vai, o que importa agora é que o futuro ainda não se perdeu. Independentemente de todo este processo e das controvérsias nas perspectivas de cada qual, o FUNCHAL, pela primeira vez desde 1985 é português e um empresário e empreendedor português está a interessar-se pelos transportes marítimos de passageiros em Portugal e a arriscar o seu capital e o seu crédito, os seus recursos e o seu tempo, para que a sua nova empresa tenha sucesso. É esse sucesso que todos devemos desejar, que Portugal merece. E aqui um pequeno reparo num dos nossos dramas: quase não há armadores em Portugal porque a cultura marítima desapareceu das nossas prioridades com a desmaritimização das últimas décadas. Agora que acaba de aparecer um, vamos desejar o melhor e contribuir para esse sucesso tão necessário com tudo o que estiver ao nosso alcance. Para já nada paga a alegria de ver o FUNCHAL voltar à vida ou assistir ao regresso dos outros navios da frota... Goste-se ou não o regresso de Portugal ao mar passa por tudo isto. Que haja muita gente a identificar oportunidades nos transportes marítimos a partir de Portugal, e de preferência, a partir de Lisboa, o melhor porto do mundo, o centro do mundo marítimo, como gostava de dizer GPP é o nosso desejo para esta Páscoa e para as próximas...